terça-feira, 23 de agosto de 2011

Caminhos poéticos

É sabido que cada um que gosta de poesia gosta dela de um jeito. Ainda sou meio "amador", portanto ainda não firmei ainda meus caminhos. Acho que gosto de ser mais racional. Versos mais ponderados.
Gosto de ser crítico, mas também gosto de falar das coisas simples e das coisas complexas do cotidiano.
Há quem goste de poesia exagerada, de declarar o amor de joelhos com flores na mão. Há quem goste de ser seco. Acho que quero ser "exagerado ponderadamente". Estou analisando isso ainda.


Serviçal

-Tem uma gota de sangue no lençol!-
gritava a lavadeira para a cozinha.
Na matinal e serviçal fofoca,
falaram por ali da donzela agora deflorada,
do príncipe embreagado que apanhara no bar,
do marido que espancara a mulher no andar de cima.

Difamaram a pobre da cadela!
Prenha?! Menstruada?!
Condenaram o avô que dormia sereno
-Deve ser daquele velho tísico e diabético!

No mafuá do fuxico, surgia
na boca da lavadeira um sabor amargo e ferroso.
Levava a mão à boca enquanto via
no ar em queda livre gotas rubras.
Pobre subalterna: mordera a própria língua!





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