quarta-feira, 29 de setembro de 2010

30 postagens!

Olá. Essa é a postagem de número 30! Em 4 meses de blog já temos 4174 visitas. Só tenho a agradecer!
Porém, interrompo meus estudos sobre carcinogenese viral somente para postar esse poema recém-parido. No meio de tanto miado dos "gatos-mestres" na arte da "mantra", é preciso ter a consciência tranquila para não fazer bobagem no próximo domingo. Por isso, vamos ao texto de hoje.

Herbívoro

Filhote de leão, de leopardo,
de jaguatirica.
Até o gato de apartamento entra na briga!
Por um pedaço de carne, crua ou cozida.

Quem escolher? São todos novos-velhos!
Uns com pinta, uns com coleira, outros com juba...
Selvagens ou adestrados,
mas todos carnívoros.

Querem arrancar com seus caninos a fatia mais gorda
dessa Vaca que amamenta a todos os cicranos.
Hei de eleger, em meu desatino,
um nobre felino vegetariano.


domingo, 26 de setembro de 2010

"Depois da onda pesada, a onda zen"

São 3 e meia da manhã e estou com insônia. Acabei de fazer um poema, e seria uma maldade não o compartilhar com vocês! Ele fala de algo que eu gostaria de sentir. Queria poder não fazer nada. Queria poder nem levantar da cama, dormir umas 22h por dia e coisas do tipo. Então, aí vai ele:


Maloca Beleza

Ergui uma maloca no nada.
Lá não tem chuva que alague
e nem seca que maltrate.
Tem só a força da sua palha castigada.

É só atar uma rede, mesmo na falta de parede,
e por um disco pra tocar.
Pronto. Basta agora o sereno do vento,
que ela se torna um santuário, um templo.

Lá ninguém morre de tiro,
nem de infarto ou preocupação.
Lá só se morre de rir e se agoniza
em uma morte lenta e gostosa de preguiça.

Não existe "acorde!" lá; só acordes de violão.
Não há contramão nem contratempos
nem contas a pagar e nem cifrão.
É apenas uma maloca. Palha, estaca, pau e chão.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Risoflora


Chico Science escreveu que Risoflora era a flor mais bela do manguezal. Parafraseando o cantor pernambucano e analisando o poema que vamos ler hoje por aqui, espero que nasça uma flor dessas em cada família que é vítima do protagonista (e vilão) do nosso texto aqui hoje. Precisa-se de esperança, de determinação, de fé, e uma flor é algo que simboliza tudo isso. Para quem não entender as metáforas do poema, vai uma dica (claro, não posso dar tudo mastigado para vocês...): qual o signo do horóscopo que tem como símbolo o habitante do manguezal?



Mangue

Os caminhos da dor nem sempre têm saída.
São estradas tortuosas e torturantes.
Com rios de lágrimas e lagos de sangue.
E, no fim, a Indesejada da gent
e nos espera em sua marcha claudicante.

Há atalhos nesses caminhos
- queira nunca traçá-los -
em trilhas de caranguejo.
O crustáceo surge pequeno e silencioso
e vai sugando tudo o que há de vida
e se torna enorme e escandaloso.

Os que pisam nesse caminho,
sem saber, afundam devagarinho.
Dormem na praia e acordam no Manguezal.

HÁ CARANGUEJOS EM TODOS OS LADOS!

O que nasceu no pâncreas pôs sua ova
e a prole se espalha e ganha terra nova em todo o corpo.

O ramal vai encurtando, já se vê que é sem saída.
As pinças e garras vão arranhando e segurando
os amores de quem faz essa caminhada.
Querem arrastá-los junto, qurem fura-lhes a alma,
querem tirar-lhes o alicerce, chocar as famílias.

Mas não importa mais, são coisas da vida.
O fim do beco já está dobrando a esquina,
e é sábio o aventureiro que pisa esse chão olhando pra cima.


P.S: Outra paráfrase: Indesejada da gente é como Manuel Bandeira chamava a Morte.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Saudades


Os acontecimentos da última semana (Sairé, por exemplo) me afastou do blog. Estou de volta. Escrevi algumas coisas novas, mas ainda não estão prontas para aparecerem por aqui. Portanto, trago para vocês um texto antigo, do ano passado, que fala do que vocês mais gostam: o Amor.


Nova frequência

Quem não ama tem dois ouvidos,
cada um com sua cóclea e labirinto.
Os que amam - teimosos com a Natureza
possuem um terceiro:

Os que não amam ouvem
passarinhos, ondas na água, música.
Os amantes escutam com seu outro ouvido
e fazem, de cada ruído,
motivo para suspiros.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Inspiração

Parece que a inspiração está de volta. É, ela se mantém distante às vezes, mas - como boa mulher de malandro - ela sempre volta. O mundo precisa de mais poesia. É latente isso. Quem lê poesia e se abre a conhecer a poética em qualquer forma, consegue ver sentimentos e horizontes expandidos nas diversas coisas da vida. Ultimamente tenho visto na Religião, na faculdade, na família, nos amigos, na vida pessoal, no futebol (mesmo sendo sentimentos tristes nesse caso...) e onde mais se possa imaginar.
Por conta disso, o Leianoverso trouxe um singelo poema que fala sobre o tema. Divirtam-se.


Questionário

O que te inspira?
Um beijo na boca,

a folia de fevereiro,
o céu de lua cheia
ou panela de brigadeiro?

O que respiras?
A fumaça cinza,
os tons pastéis,
o cheiro de comida da vizinha,
ou charutos de coronéis?

O que admiras?
O Cristo Redentor,
o Cristo da Bíblia,
a família de casa,
ou a Sagrada Família?

Quando respirares
- bem perto de ti -
o que te inspira,
ficarás admirado
com o que há dentro de ti
de poesia.




P.S.:
Com muito orgulho, faço parte da LCT - Liga Cirúrgica do Tapajós. A nossa liga, que é uma extensão do curso de MEDICINA da Uepa, estará fazendo uma blitz de educação no Trânsito na Rodovia Everaldo Martins (PA-457) no SAIRÉ 2010, começando hoje. Estarei lá amanhã pela parte inteira da tarde. Então, abri esse espaço para divulgar a LCT, que formará grandes cirurgiões no ESTADO DO TAPAJÓS.

domingo, 5 de setembro de 2010

Malandragem


Começo com meu pedido de perdão: Desculpem-me! Como (ainda) não vivo apenas de poesia, tenho que estudar para a minha faculdade, e nessa semana que passou tive uma prova barra pesada, então nem tive condições de adocicar a vida de vocês com os grãos de poesia que semeio por aqui.
Como estamos na semana da pátria, resolvi homenagear um dos maiores símbolos brasileiros na postagem de hoje.



Serafim

Serafim acorda cedo todo dia
boca seca e cabeça doída
da bebedeira do outro dia.
Veste-se garbosamente
beija a mulher e vai pro batente
no boteco lá da esquina

Enquanto trabalharia o Serafim
bebe cachaça, joga truco e come coxinha.
A barba mal-feita é o cartão de visita
e o bilhar, o dominó e o baralho
sua bem-treinada perícia.

Um dia, malandro, ela te larga.
Leva os filhos, a TV e sai de casa de mansinho.
Te arranca uma pensão e te deixa sozinho.
Mas pra ti não é problema, Serafim.
Corre pra buscar consolo no tamborim,
que tens sempre o carinho dos Valetes, das Damas
e do botequim.