içadas ao mar sobre as naus,
trouxeram para estas terras
as velas dos altares de Portugal.
E o vento que apagara as velas
do velório sombrio do abolicionista
tremulara as velas de um navio negreiro,
recheado de velas de Ogum e de Ubanda
para formar nossa cera sincretista.
O tempo passa, a cera se derrama sobre si.
Na vela que vela o sono da sinhá,
na vela que o poeta leva para o luar,
no jantar romântico a luz de velas,
Na vela do São João, onde os pequenos acendem seus traques,
na vela da Roça sem luz,
Na vela assoprada no aniversário,
ou no Apagão da metrópode, na virada do milênio.
Talvez a vela dos pescadores viris,
ou vela de ignição dos motores.
Ou será as velas aladas do 14-Bis?
Vela que tanto revelou.
Releve o suor ardente que derramou.
Aceitaste sempre a chama que te forjou,
e o tempo nunca embora te levou.
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