Gosto de ser crítico, mas também gosto de falar das coisas simples e das coisas complexas do cotidiano.
Há quem goste de poesia exagerada, de declarar o amor de joelhos com flores na mão. Há quem goste de ser seco. Acho que quero ser "exagerado ponderadamente". Estou analisando isso ainda.
Serviçal
-Tem uma gota de sangue no lençol!-
gritava a lavadeira para a cozinha.
Na matinal e serviçal fofoca,
falaram por ali da donzela agora deflorada,
do príncipe embreagado que apanhara no bar,
do marido que espancara a mulher no andar de cima.
Difamaram a pobre da cadela!
Prenha?! Menstruada?!
Condenaram o avô que dormia sereno
-Deve ser daquele velho tísico e diabético!
No mafuá do fuxico, surgia
na boca da lavadeira um sabor amargo e ferroso.
Levava a mão à boca enquanto via
no ar em queda livre gotas rubras.
Pobre subalterna: mordera a própria língua!
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