terça-feira, 15 de maio de 2012

Poema médico mais uma vez...

Anatomia de um poema


Posição anatômica: olhar no horizonte.
Então vou dissecando o poema.
Conto as sílabas poéticas como quem conta vértebras, 
processos espinhosos - como sabe ferir um espinho rimado! - 
e processos trans-versos. 


 Na Neuro começa o problema.
Há versos que me neuram, me marcam
e, nos feixes do sistema límbico,
o poema vai se enrolando de libido. 
Envolvente como a mielina em seu tecido. 


Vou examinando cada órgão
 e dividindo em estrofes e estratos. 
às vezes enxergo até uma imagem esquisita:
aqui ou ali um parasita. 


 Terminando o estudo. Está pronto: 
Tudo anotado. Logo será publicado. 
O corpo incidido e o poema estão abertos. 
Hora de dar os pontos...