terça-feira, 27 de setembro de 2011

Viajem

Não, não estou errando a grafia. Estou me referido ao verbo mesmo. Estou viajando hoje para Belém, mas acredito que irei postar de lá também. Volto no domingo.
O título da postagem é justamente isso: viajem! Viajem na magia da poesia. "Fumem Ari, cheirem Vinícius e bebam Nelson Cavaquinho" como disse Chico Buarque.
Fiquem à vontade para navegarem pelo blog e lerem as poesias passadas. Tem muita coisa legal nas postagens bem antigas do blog.



Incêndio

Se couber no teu peito,
Experimente sentir saudades minhas.
Então verás que cada poema fala
E com a minha voz se declara
Para atenuar ou não a tua sina.

E se isso, ao contrário, te inflamar,
Minha grafada doce voz será ironia.
Se for mais impulso ainda pro teu sofrer,
Respire fundo e incendeie minha poesia.

E verás rima virar fumaça
Até arregalares os olhos estupefacta:
Respiraste meus versos até a alma.




sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Icterícias...


Estou estudando aqui e resolvi dar um tempo para postar um poema. Li no jornal que Religião é a terceira coisa que mais movimenta dinheiro no mundo. Escrevi-o há algum tempinho, mas é hoje que ele debutará para o público:









O Pagador de Promessas


Não escolhe fé nem credo.
Vende camisa com rosto
e músicas com a doce voz do cifrão.
Quer o do rico e o do pobre,
distribui granadas e fuzis Kalashinikov.


Emite milhares de passagens.
Belém, Aparecida, Jerusalém, Roma e Meca.
Reserva o hotel e enxuga a lágrimas
com o seu sudário de euro e dólares.


Grava o filme e vende o ingresso
com reserva on-line na primeira fila
ou com pipoca quente na sala de casa.
Vende as almas, faz dumping;
põe a salvação no pregão da bolsa de valores.


E lá vai passando o pagador de promessas,
de terno pelos corredores de shoppings caminhando 
e carregando sua cruz de isopor.







terça-feira, 20 de setembro de 2011

Homenagem IV do Blog, CHICO BUARQUE

Francisco Buarque de Hollanda nasceu no Rio de Janeiro no dia 19 de junho de 1944. É o único da minha lista de homenageados que está vivo. Começou a se destacar no campo cultural no ano de 1966, vencendo o Festival da Música Popular Brasileira com a música “A Banda”. Devido ao regime militar vigente no Brasil à época, se auto-exilou na Itália de 1969 a 1970. Sua obra não se restringe apenas à música. É também dramaturgo, com grandes trabalhos – como “O Mágico de Oz” - no Teatro Nacional e também Escritor, que lhe rendeu alguns prêmios internacionais com romances como “Budapeste”, “Estorvo” e “Leite Derramado”.
Sua obra nunca deve ser interpretada pela primeira impressão. Todo poema, música, ou algo está recheado de ironias e coisas implícitas. Está sempre politizando sua obra, que é uma característica presente desde suas canções de protesto até suas canções de amor.
Ele merecia ter toda semana um poema aqui neste blog, visto que sua gama de obras-primas é inesgotável. Pretendo futuramente postar outros dele, mas aqui vai um dos meus favoritos: A canção Folhetim.

Folhetim

Se acaso me quiseres,
Sou dessas mulheres
Que só dizem "sim!",
Por uma coisa à toa,
Uma noitada boa,
Um cinema, um botequim.

E, se tiveres renda
Aceito uma prenda,
Qualquer coisa assim,
Como uma pedra falsa,
Um sonho de valsa
Ou um corte de cetim.

E eu te farei as vontades.
Direi meias verdades
Sempre à meia luz.
E te farei, vaidoso, supor
Que é o maior e que me possuis.

Mas na manhã seguinte
Não conta até vinte:
Te afasta de mim,
Pois já não vales nada,
És página virada,
Descartada do meu folhetim.




segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Avareza

Segundo as estatísticas do blog, as homenagens tem rendido grande número de visitas (principalmente a ao Bilac). É algo que eu não esperava. Estou pensando já nas próximas. Alguma sugestão? Acho que vou fazer uma enquete aqui no blog.
O poema de hoje reflete uma decisão histórica. Alguns dizem que a desgraça da humanidade é por conta do pecado de Eva de ter comido o fruto proibido. Já eu defendo a matriarca de todos nós e digo que o culpado de todos os problemas dos seres humanos é o personagem do poema de hoje.


Começo do fim

Há eras e milênios
Com as bizarras barbas neandertais,
Tinha um prendado caçador e guerreiro
Que colecionava machadinhas e artefatos tribais.

Na sua caverna guardava
Também pedras lascadas e polidas.
Dentre tantos bárbaros,
Era ele um sábio; homem polido.

Certo dia, doente, não foi caçar,
Mas tinha fêmea e prole para alimentar.
Ao ver os vizinhos chegando
Com meio mamute nos braços
Não teve dúvidas e ofereceu
Por duas costelas dúzias de suas pedras.

Esta é a primeira profecia da eternidade
Gravada em pinturas rupestres.
Ali então fora registrado
O começo do fim da humanidade.




sábado, 10 de setembro de 2011

Homenagem III do blog, Manuel Bandeira

      Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho nasceu na cidade de Recife no dia 19 de abril de 1886 e foi um dos maiores nomes da literatura da nossa Língua da modernidade e de todos os tempos. Na semana de arte moderna (1922), não pode participar por motivos de saúde, mas foi quem abriu o evento ao ter um poema seu declamado: “Os Sapos”, no qual criticava toda a forma de se fazer literatura da época (parnasianismo).
      Desde os dezessete anos, Bandeira foi desenganado pelos Médicos: estava com tuberculose e prestes a morrer. E viveu sua vida toda como se fosse morrer amanhã, e isso se refletiu na sua obra, com uma poesia alegre, bonachona. De princípio temia a morte, mas com o passar do tempo ela se tornou sua fiel, amorosa e engraçada companheira, e não eram raras as vezes que ele brincou com a morte em seus poemas. Morreu aos 82 anos (Rio de Janeiro, 13 de outubro de 1968) assim, enganando a morte todo dia e amando a vida.
      Existem centenas de poemas dele que eu gostaria de compartilhar. E planejo fazer uma outra homenagem em breve, falando mais da poesia dele e não da biografia. É meu escritor favorito e é nele que mais me inspiro para escrever aqui. Quem quiser beber na fonte do blog, leia Manuel Bandeira.
       A seguir um poema. Não é o meu preferido do autor, mas é uma obra prima da poesia.


O bicho


Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.


Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.


O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.


O bicho, meu Deus, era um homem.




sexta-feira, 9 de setembro de 2011

OPERAÇÃO SORRISO BRASIL - MISSÃO SANTARÉM 2011

OPERAÇÃO SORRISO BRASIL - MISSÃO SANTARÉM 2011
Cirurgias gratuitas de fissuras labiopalatinas!! De 19 de setembro ao dia 24.

FAÇAM DOAÇÕES DE ALIMENTOS NÃO PERECÍVEIS E/OU MATERIAL DE HIGIENE E/OU BRINQUEDOS. POSTOS DE COLETAS: SUPERMERCADOS CR, MANIA DE PIZZA, RAYANNA PEIXARIA, CLINICA COTT, CLINICA OTORRINOS, CASA DA CRIANÇA E UEPA!

TRANSFORME UM SORRISO. TRANSFORME UMA VIDA







Quem puder compartilhar esse recado no twitter, facebook, no seu blog ou boca a boca vai estar fazendo um tremendo bem para o próximo!





quinta-feira, 8 de setembro de 2011

DEZ MIL!

Se todas as pessoas que ja entraram no blog se reunissem, poderiamos hoje:
-ocupar todos os ingressos para visitantes de uma partida no Maracanã.
-povoar um bairro grande por inteiro, como a Prainha ou a Nova República
-Lutar contra o exército de um país pequeno, como o Haiti, Luxemburgo ou Suriname.

e muitas outras coisas que não lembro agora. Porém, o principal acho que consegui: difundir uma nova visão de poesia: moderna, sincera, leve, despreocupada com a forma e jovem.
Obrigado pelas centenas de visitas diárias e pelo prestígio.

Não se esqueçam de curtir nossa página no Facebook clicando na caixinha à sua direita.




À Fisiologia

Queria estar dentro de ti
Talvez me valha tua saliva.
Deglutir-me-ias,
Escorregaria pelo teu esôfago,
E deixaria teu ácido me corroer.

O duodeno teu me absorveria.
Passearia nos teus hepáticos sinusóides
E pularia de veia porta para veia cava.

E então cheguei à porta do teu coração.
Está fechada. Ela só abre por dentro.



segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Fica conosco, Senhor!


Estive no nono cursilho de jovens em Santarém, do MCC nesse último fim de semana. Fiz bons amigos, conheci muita coisa sobre a fé e aprendi que Jesus sempre morou no meu coração, mas que nem sempre pude notá-lo por lá.
Não quero falar muito sobre as experiências de lá de Emaús, pois acho que elas tem que ser vividas, não faladas.
Porém, trouxe um poema sobre o que vivi:


Emaús

Fui para o céu sem morrer.
Talvez fosse só em sonho.
Mas na certeza da lucidez,
Subi carregado por anjos.

Vi que no céu tem parede descascada,
Não tem quarto nem banheiro individual
E nem lugar só meu na mesa eu tinha.
Até pecado havia no céu: vi uma alegre Gula por lá.

Neste céu havia choro, lágrimas.
Porém, tinha riso para quem quisesse.
Lá, cada amigo é um irmão
Diante de um trino Pai.

Assim como Cristo,
Desci desse céu ao terceiro dia
Junto com os mesmos anjos,
Muitos irmãos e melodia.


P.s.: Provavelmente o blog irá completar 10.000 visitas antes da próxima postagem. MUUUUUUUUUUITO obrigado a todos vocês que entram aqui!