quarta-feira, 14 de julho de 2010

Poesia é um troço simples. Foi-se o tempo do Parnasianismo, quando não havia poesia, e sim "artes poéticas". Era mais importante enfeitar o poema com rimas ricas, palavras rebuscadas no dicionário e diversos recursos de linguagem eruditos que faziam o leitor terminar a leitura sem entender nada daquele monte de palavras. Como diz minha amiga e colega de aula Camila Lobato, "falou um quilo e eu não entendi um grama!".
Por isso, tento me focar no conteúdo. Claro que é legal dar uma fosforilada de vez em quando, uma enfeitada só pra pensarem que sou inteligente. No entanto, o conteúdo prevalece, deixando a forma como um mísero detalhe. Então, meus textos são assim: qualquer um pode ler, mas nem todos podem escrever, visto que é sempre o meu jeito de pensar que está ali, e ter esse jeito idêntico é difícil, já que todos nós somos únicos. Um abraço.



Tropeço


Caí da escada!
Me arrebentei todo no chão
e ainda bateu na minha cabeça a dúvida:
dói mais a frustrante queda na subida
ou o tombo estabanado na descida?



P.S¹.: É errado começar período com pronome oblíquo (segundo verso), mas eu tenho direito à licença poética! HAHAHA!
P.S².: Respondendo à pergunta que encerra o texto, o Rui Toshio disse "depende do degrau".
P.S³: Play Station 3

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Férias = preguiça

Cara, poesia não combina com férias. Vocês não tem noção: quanto mais tempo se tem, menos disposição há para fazer as coisas. Parece que os versos fluiam tão livremente nos cinco minutos entre um livro ou outro no tempo das aulas. Eu durmo (quase) todo dia com a consciência pesada "po, nem escrevi nada." "po, o blog tá entregue às traças". Eis aqui a nafitalina: um poema com uma pontinha de esperança.
Mário Quintana disse uma vez que quando o leitor não entende o que um autor escreveu, é porque um dos dois é burro. Porém, nem todo mundo vai entender este poema, pois fala de um cara que somente quem está mais ligado ao colégio em que eu estudei conhece. Quem não entender, não se sinta burro e nem me chamem de burro!



Par de olhos

Era uma vez um par de olhos
que via tudo belo e total.
Foi perdendo a nitidez, como quem mexe na antena da TV
e logo ganhou a companhia de vidros garrafais.
Garrafa de vidro, de água, de vida,
litros e litros dum elixir que ria e fazia rir.
Litros de alegria, de sorrisos e de geografia.

O par de olhos via coisas bonitas.
Viu amores, copas do mundo, a Bíblia e coisa e tal
enquanto os fiés fundos de garrafa ganhavam sempre mais um grau.
Entre mapas, livros, blocos econômicos e cartéis,
quem sentava para ver o par de olhos ensinar
não via mesmo era o tempo passar.

O par de olhos foi ficando cansado.
Seu cristalino foi cristalizando-se,
a mácula, imaculando-se
e o par queria apenas descansar.

Até que um sério jaleco decretou:
- Não tem volta. A chance é uma gota no mar.
Reação melancólica: se afogava esse par
e dos olhos transbordavam gotas de desespero.
Quão triste para eles não poder ver mais o brilho de outro par.
O destino é escuro e tem prazo para acontecer. Uma penumbra de incertezas.

Mas quem lá de cima olha
é sabio e sabe traçar
as linhas e os caminhos
pros olhos a luz enxergar.
O Homem-que-vê-tudo encomendou
- em ventre bem-amado -
uma menina, a luz dos olhos,
para o par de olhos se encantar.

Quando o último raio de luz se apagar nas intactas retinas desse par,
eles estarão pronfundamente agradecidos
por virem um novo par de olhos brotar.
Olhos pequeninos, sorridentes e infantis.
Felicidade escancarada na "tela".
E com a "menina dos olhos" no colo
não precisará mais de olhos
para ver que a vida é bela!